Saturday, July 28, 2007

hiperbóreo.

Uma fugitiva

Ao que surpreendes.

Quando desejas o vácuo.

Eu dou-to.


Tu,

Limitas-te a perfurar.

Entranha após entranha,

Derradeiro coração.

Hiperbóreo teu caminho

Até mim.


Minha ilusão deslustrada

Ensina-te a desmantelar promessas

E latitudes acima do meu umbigo.


Consumpção consumível

Aquela que ousaste consumir.

Brandamente leio-te os lábios.

Os meus germinam meu desejo.


Por ti.



[03-12-2006]

espasmos.

Imagina sofrimento.

Dum ego esmigalhado

e duma dependência doentia. Como que patológico.

Imagina tudo aquilo que nunca procuraste

e que desejas freneticamente que nunca acabe.

Imagina poder subir um arranha-céus

e atirares-te abaixo de 5 em 5 segundos

imagina uma corda bamba que te sufoca e deixa de existir

imagina-te fantasma, caído na ilusão de nunca possuir nada do que criou.

torna-te invisível ao passo duma mudança brusca no teu intestino.

Arrasta-te fungo.

e fertiliza espasmos sorumbáticos.


É intra-venosa de sodomita adrenalina.


É intra-venosa de adrenalina sodomizada.


[16-11-2006]

Wednesday, July 25, 2007

Bom dia, inundação.

Procurar em frente.
Rebuscar no lento leito
Do entorpecimento.
Sentir-se a vaguear num
Vertiginoso
lúgubre lugar.
Pendente a mim
Para lá de mim.
Um forte de entradas,
Saídas e interregnos.
Logo que o vaguear fez escala,
Sentou-se sozinho
E limitou-se a... vaguear.

“Hoje fui ao terraço da minha consciência.”

“Hoje fui ao terraço da minha consciência.”

Hoje fui a qualquer lugar que não este.

Vomitei um lagostim , desenfreadamente estagnado.

Fechado, pendurado, mas nada arrumado.

Um bicho feio, impregnado na dor encoberta.

Quem disse que expelir tamanha dor não é vómito laganhoso?

Quem disse que abortar um fungo devidamente fecundado

Não é estropiamento do pior que pode existir?


Ontem vomitei.

Amanhã mutilo-te.

E hoje?

Hoje limito-me a recordar-te.


Porque um aborto deve ser cuidadosamente tratado.


Porque afinal... as memórias só desaparecem

Quando recordadas correctamente.


[15-11-2006]

A minha clavícula.

Gostar de ter, não tendo. Procurando.

Precisar de querer ter e nada ter, analisando.

O perfurar daquela clavícula faz soar qualquer espécie de apodrecimento.

Quando foste sincera, a campaínha que insistiu em tocar-se a si própria.

Como masturbação em forma de luxuosa imaturidade.

Tocas-te e perdes, todo o momento que já te pertenceu.

Tuesday, July 24, 2007

De regresso...FÉRIAS.

Resolvi, por puro egoísmo, tentar manter umas divagações em aberto.


As pessoas gostam de andar de metro. Gostam de se pavonear com toalhas e sacos oferecidos por revistas. De falar ao telemóvel quando estão com amigos. De pisarem as pessoas que se encontram sentadas, enquanto apenas desfalecem de um dia chato de verão, de trabalho.
Estou de férias e a única que sei que não quero fazer é pensar em trabalho, na mais plena e qualquer acepção da palavra.
São 23h04 e estou de pijama, de gata no colo, enroscada e de olhos fechados.
Ascii Disko soa a óptima banda sonora para uma noite sem programas nem horas. Uma noite em que lerei mais uns capítulos d'"O Caderno Grande", com o qual me presenteio. Para momentos de confissões em tom de conto. Para mim, literatura crua com ar de ligeireza. O retrato psicológico dos personagens tratados com um subtil e descarado toque de leviandade.
Agota Kristov delicia-me.
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