Thursday, February 27, 2014

pode-se ver onde não se vê.


A suposta simetria, mesmo a inexistente, onde quer que passemos.
Pode-se ver simetria mesmo sem ela existir.

 

Actuação Escrita



Pode-se escrever

Pode-se escrever sem ortografia
Pode-se escrever sem sintaxe
Pode-se escrever sem português
Pode-se escrever numa língua sem saber essa língua
Pode-se escrever sem saber escrever
Pode-se pegar na caneta sem haver escrita
Pode-se pegar na escrita sem haver caneta
Pode-se pegar na caneta sem haver caneta
Pode-se escrever sem caneta
Pode-se sem caneta escrever caneta
Pode-se sem escrever escrever plume
Pode-se escrever sem escrever
Pode-se escrever sem sabermos nada
Pode-se escrever nada sem sabermos
Pode-se escrever sabermos sem nada
Pode-se escrever nada
Pode-se escrever com nada
Pode-se escrever sem nada

Pode-se não escrever
Pedro Oom


Wednesday, February 26, 2014

brincar.


Porque o imaginário tem de estar vivo...!

Play is the highest form of research. (Albert Einstein)
No BOA acontece de tudo...! ;)

Friday, February 21, 2014

educação (do coração).

E em vésperas de mais uma oficina no BOA...Apetece parafrasear umas quantas grandes máximas de grandes personalidades. 
Podiam escolher-se várias, entre elas, uma bem conhecida (de Mandela!): 


"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo." 

Não resisto em acrescentar:
“Não importa o quão devagar vás, desde que não pares." - Confúcio
“When you know better you do better.” - Maya Angelou


Wednesday, February 19, 2014

delícias de alfarroba e milho.


Desta vez, retomo a partilha de momentos na cozinha.
Depois de experimentar as novas forminhas, o resultado: umas bolacinhas de alfarroba e outras de milho.

Normalmente, são feitas com farinha sem glúten mas estas são com trigo integral (um cereal que tento evitar cá por casa) e sementes de sésamo. Daí não ter resistido em fazer só meia dúzia de milho. Pode juntar-se um bocadinho de gengibre e polvilhar com canela e sementes de sésamo. Simples e deliciosas.

À receita da Ana Moreira, junto sempre um bocadinho de bebida de kamut, aveia, espelta, etc., caso a massa assim o justifique. Por norma, prefiro fazê-lo, ficam mais macias.
Relativamente às bolachinhas de milho, optei por adaptar a mesma receita, alterando essencialmente a farinha, claro, et voilà. Nada como experimentar e eis o resultado. (E o palato agradeceu!)

Antes: as novas formas cá de casa, umas já besuntadas! :)


E depois: os biscoitinhos a sair!


Bolacinhas de milho com sementes de sésamo (canela e gengibre opcional)

Biscoitinhos de alfarroba

Aproveito para partilhar mais uma receita base de um bolo SEM ovos, glúten/trigo e derivados lácteos.

O glúten encontra-se noutros cereais, além do trigo, como a aveia, cevada, centeio, espelta e kamut (ainda que menos nestes últimos!). O sarraceno, amaranto, arroz e milho são as melhores opções para quem prefere evitá-lo, ainda assim, caso seja mesmo intolerante/celíaco, de atentar caso a embalagem indique que a farinha - apesar de ser sem glúten - foi acondicionada numa fábrica sujeita ao embalamento de outras farinhas. 

Esta receita pode alterar-se consoante as preferências e gostos pessoais, para contrariar um bocado a velha máxima de que na pastelaria tem de se seguir, milimetricamente, todos os passos! É verdade, há receitas específicas que assim o exigem e, depois, há outras que podemos ir alterando sem danos colaterais. Só mesmo efeitos acrescidos ao palato... ;)

Neste bolo (foto abaixo), usei a receita partilhada no parágrafo anterior, optando pela farinha de milho, adicionando peçados de ananás e cacau em pó. E em vez da chávena de água sugerida/sumo a gosto, o chá de gengibre caiu que nem ..."ginjas".  ;)
Bom apetite!


Bolo-base de "fubá", com cacau, ananás e gengibre

Monday, February 17, 2014

Tuesday, February 11, 2014

o palato, esse condutor da auto-descoberta.



@Jorge Royan

Sempre adorei cozinhar. Minto. Aprendi a adorar cozinhar desde que larguei o ninho dos papis e tive, por motivos académicos, de rumar a outra cidade e aprender a viver, estar e cozinhar sozinha, para mim ou para amigos. Por acaso, sempre tive a felicidade de partilhar a casa ora com colegas, numa outra cidade que não a granítica Invicta, ora com amigos. Nos últimos anos partilho-a com o meu companheiro e a nossa bichana (exigente com a comidinha, também! Pelo menos, com algumas das marcas do mercado, ehehe...). 

Confissões à parte e, porque a minha aventura na cozinha começou apenas há 10 anos (ou as experiências dos biscoitos torrados e pipocas agarradas no fundo da panela, com amigas de infância, também contam?), além de ter descoberto o poder do mimetismo, todos aqueles anos a observar os pais cozinhar, afinal de contas, resultaram em alguma coisa. E as bases, aquelas que permitem voar e experimentar outras coisas revelam-se, realmente, fundamentais. 

Nos últimos dois anos mas, essencialmente, neste recentíssimo meio ano fui mudando o palato e as opções alimentares (ou será que vice-versa?;) ), ou melhor, e pondo as cartas na mesa: depois de uma consulta e por sugestão de um regime muito específico (com cuidados ayurvédicos à mistura), dei por mim a ter de cortar com as antigas opções alimentares (que de alimentar, por vezes, nada tinham...!), a ter de descobrir novos alimentos e novas formas de os poder conciliar, cozinhar e... degustar! Porque o palato, não sendo apenas uma questão de hábito, é, fundamentalmente, de educação. O que para muitos pode significar o mesmo. E aquilo que para muitos (quais receios e perguntas, quer da família, quer de amigos!) era um suplício e um profundo desespero, para mim (porque não dizê-lo para "nós" cá em casa, porque esta aventura não teria sido nem é tão fácil sem o apoio mútuo, afinal de contas "amar outra pessoa não significa sentarmo-nos a olhar um para o outro; significa olharmos ambos na mesma direcção", como referiu Thich Nhat Hahn, parafraseando o francês Antoine de Saint-Exupéry) foi todo um mergulho delicioso e sedutor. Como diz o meu professor de yoga, quando nos são aconselhadas determinadas mudanças e que, interiormente, sabemos que a voz sussurrante há muito nos segredava algumas palavras, é preferível e bem mais amigável fazê-lo pela sedução ao invés da infértil imposição. Não poderia estar mais de acordo. Sempre preferi as subtis mas férteis seduções, duradouras e frutíferas a atalhos curtos, vãos e de carácter estéril. 


Salada de canónigos com salmão fumado
 e frutos secos (ameixa, alperce e nozes).
Condimentar a gosto, por ex., com oregãos e um fio de azeite e limão.

E, curiosa foi a reacção daqueles até mais próximos de mim, aliás, de nós cá por casa. Receosos de alguma coisa, talvez confrontados com os seus próprios e mais profundos receios, de se questionarem pela mudança de hábitos. Quiçá. Nunca saberei, mas posso ir sentindo. E aquilo que mais fui sentindo, ao longo desta caminhada, por parte de alguns foi profunda cumplicidade, incentivo e apoio; de outros, uma desconfiança, brincadeira a roçar o gozo amigável e algumas incompatibilidadezinhas até, em momentos sociais. Prefiro acreditar que todos nos respeitamos, gostos e opções de vida à parte. Mas o confronto - até de opções alimentares - chega e faz-se ouvir e, como se de repente, todos os laços e as escolhas e modos de vida se questionassem. 
Em todo o caso e, porque o fio condutor já vai longo e, talvez, um pouquinho disperso do inicialmente pretendido, gostava de partilhar aqui a minha maravilhosa descoberta por todo um mundo de sabores novos. Talvez por ontem ter descoberto um site bastante bonito e útil e de me ter identificado, de alguma forma, com o caminho de descoberta da autora, dei por mim a escrevinhar estas palavras hoje.

Trigo sarraceno com agriões dos vóvós e abóbora.

Estava eu entretidíssima, entre dicas e receitas vegetarianas e conselhos e outros links para sites e fontes de mais informação sobre questões de nutrição, quando me deparei com um texto da autora que me fez suspirar. É isto. Exactamente isto. E comentava ela a falta de conhecimento da maioria sobre nutrição. E é mesmo isso que tenho sentido, se cada um de nós se permitisse descobrir um bocadinho mais e melhor, se cada um de nós fosse conhecendo conceitos básicos de nutrição, viveria, definitivamente, melhor. E não digam que a vida e a rotina não permite, ou porque não há tempo, ou não há paciência...porque se há coisa que o ser humano tem capacidade é, precisamente, a de se educar de forma a poder fruir e viver melhor. E, atenção, não quero com isto ditar um tratado sobre nutrição e/ou opções alimentares ou declarar-me imune a qualquer estado de eventual doença - até porque tudo é impermanente e não há antídotos milagrosos - mas, como também vi há dias, noutra fonte, pelo menos, levo comigo algum conforto em saber que me esforcei por tentar prevenir e aprender a viver um bocadinho melhor. Pelo menos, comigo funciona. Se para outros funciona ou não, só cada um poderá arriscar em descobrir. Até porque eu própria encerro as minhas contradições, claramente, mas pelo menos, tento (re)conhecê-las e aprender a viver com elas, para se algum dia quiser, poder ir descartando algumas. Nem que seja aquelas que não me servem mais, presentemente.

E, porque contrariamente ao velho ditado do “Nós somos aquilo que comemos”, prefiro (e muitos mais além de mim!) a máxima Nós somos o que digerimos”, acrescentaria em tom de brincadeira, apelando ao tom vicentino “ridendo castigat mores”: Diz-me o que comes, dir-te-ei como estás (e estarás). Porque a forma como estamos e nos sentimos condiciona as nossas opções alimentares e aquilo que comemos, por sua vez, condiciona o nosso estado. And so on and so on...
Não é nada novo. A Ayurveda (e outros sistemas) sugerem que se queremos conhecer o nosso corpo de amanhã, olhemos para o que comemos hoje. E, depois, outra questão sobre a qual muito ouvi nos últimos meses, “ah, mas pode comer-se um pouquinho de tudo” ou “só de vez em quando”. Estaria tudo bem se nós fossemos todos iguais e se a nossa noção de “esporádico” fosse a mesma. Mas não é... Ou é? Temos organismos diferentes, formas de digerir diferentes e a noção da frequência dos hábitos é bastante relativa. Uma vez por semana, por mês, por ano? 

Preparado para hummus: grão-de-bico, abacate, cebola.
Condimentado com coentros frescos, salsa, cominhos, oregãos, azeite e sumo de limão.
Passar tudo e temperar a gosto, caso estas dicas não sejam do agrado...! ;)

Voltando à questão essencial e, partilhando a opinião da autora do site acima mencionado, Sandra Guimarães, também eu vou estudando nutrição de forma auto-didacta, porque, felizmente, hoje em dia temos ao nosso dispor uma ferramenta gigantesca chamada internet com vários motores de busca, dispensando a publicidade desnecessária ao gigantone que a maioria ocidental usa. O maior desafio passa mesmo por aprender a escolher as fontes e distinguir (por vezes, de forma mais ou menos imediata) aquelas que soam a profundo disparate, ainda que camufladas de pseudo-cientificidade.
E como ela própria refere, seria bastante útil todos termos acesso a noções base sobre nutrição, de forma a que nos pudéssemos alimentar melhor e evitar cair em todas as balelas que nos tentam impingir diariamente, por todos os sentidos. De repente, da mesma forma que toda a gente se transformou em politólogo, também ouço falar em tanto disparate e tentativas de venda de determinados assuntos como se fossem descobertas do pleno séc.XXI. E eis que vários especialistas surgem por aí, gritando todo o tipo de máximas e dicas, umas com algum fundo de razão ou não, mas nada que a ciência da Vida, o sistema médico Indiano não aconselhasse já há uns bons milhares de anos. Rezam as fontes, cerca de 7 mil.  

E, longe de mim sugerir determinado regime em prol de outro (!), até porque seria estranho eu conseguir explicar ou enquadrar-me em algum - fosse por motivos ideológicos ou não - até porque o peixe ainda faz parte da minha dieta mas opto por não comer derivados ou outras proteínas animais, por ex. Quaisquer que forem as escolhas de cada um, com sustentação e motivação ideológica por trás ou não, o meu único conselho (bolas, que palavrão!) passa por escolherem o que vos faz sentir genuinamente bem e feliz. Até porque todos nós conhecemos e vivemos as falaciosas manhocises da mente (e dessa máscara do ego!) a darem-nos a volta e argumentarem toda a espécie de refúgios e apetites emocionais.
Eu intoxiquei-me q.b. durante uma década, sem grande noção do que fazia ao meu organismo e ele ia-se queixando. Umas vezes mais que outras, claro. Até que começava a achar normal estar ou sentir-me de de determinada maneira, até que me cansei de me sentir e viver assim. Agora opto, simplesmente, por tentar escutá-lo e dar-lhe coisas que ele consiga digerir melhor. Para que ele e eu fiquemos feliz.

O dito hummus de abacate referido na foto anterior, já feito, com os maravilhosos pães de
centeio (contém glúten) integral (português e alemão) e as tostinhas de milho a acompanhar.

Podemos passar a vida inteira a enganarmo-nos e achar (já) "normal" acordarmos com azia (e tomar qualquer coisinha para a combater em vez de a prevenir) ou com dor de cabeça, sem sequer a associarmos à mucosidade provocada por certos alimentos que ingerimos (!), podemos deixarmo-nos levar pela falta de tempo, de vontade, de sol, do facilitismo, do assim-assim. Ou podemos escolher viver de forma consciente e mais saudável. Para o nosso organismo. E descobrir, assim, novos sabores, deixar o mundo entrar pela boca e todos os nossos poros dentro e, em cada falange dos nossos dedos, sacudirmos o odor maravilhoso do açafrão ou do gengibre laminado. E descobrir que um dos prazeres da vida - comer - pode ser uma das coisas que melhor define e definirá a forma como viveremos essa mesma vida. Sem que seja a própria vida a engolir-nos.

Monday, February 10, 2014

A leveza de Iyengar.

Já espreitei este vídeo há uns bons tempos. 
Voltei a ele, talvez, inspirada pelo maravilhoso curso de yoga começado ontem com a inspiradora Catarina Mota, onde se mencionaram, claramente, alguns dos mais conhecidos yogis de sempre. Entre alguns discípulos de Krishnamacharya, esse "pai do yoga moderno" (não confundir com outras atribuições de "pai"/"criador" referentes a Patanjali, que compilou os "Yoga Sutras", descodificando e sintetizando, assim, os aforismos sobre a prática de Yoga), eis o igualmente conhecido B.K.S. Iyengar e, curiosamente, cunhado de Krishnamachary.
 

Desta vez, além de espreitar, debrucei-me detalhadamente sobre ele, quiçá motivada pelo mesmo detalhe que o próprio Iyengar descreve determinados asanas. Impressionante, assim como o seu humor. Sorrisos à parte, dei por mim a gargalhar com o seu sentido de humor e as suas expressões, metáforas e apontamentos tão inteligentemente simples.

Vale a pena espreitar, ver, observar e saborear esta brilhante aula do homem que diz:


"When I practise, I am a philosopher, when I teach, I am a scientist, when I demonstrate, I am an artist."


http://youtu.be/4t2OLXi2xvY

(a relinkagem embedded não está, de momento, a funcionar...)

Thursday, February 6, 2014

Monday, February 3, 2014

E tão bom que é torcer: Ardha Matsyendrasana


E, porque os arranques de ano (apesar de "já" estarmos em Fevereiro e dos timings variarem, que a mudança/evolução seja permanente, uma vez que "tudo é impermanente"...!) são alturas privilegiadas para alguns detox, nada melhor que esta fantástica postura para ajudar a todo o processo.
É, absolutamente, genial (e tão prazerosa!) e eficaz pela torção da nosssa coluna (em caso de problemas na coluna, é conveniente fazê-la mediante específica "prescrição" e os cuidados devidos), aliviando possíveis dores nas costas e óptima, também, para a digestão, como todas as torções, aliás, uma vez que mexem com todos os nossos órgãos internos. 
E, atenção, nunca esquecer que o pescoço é sempre a última parte a rodar/torcer e, claro, o movimento deve fazer-se sempre, devidamente, respirado...!



Alguns links que podem ajudar (além da foto, acima), aos passos para esta postura: no yogajournal, ou na escola online EkhartYoga. E quem quiser espreitar uma variação mais avançada desta postura (e, inclusivé, aventurar-se a seguir para outra!), pode espreitar o tutorial do Andrew Wrenn.

Boas (e seguras!) práticas! ;)


Licença Creative Commons
Esta obra foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição-Proibição de realização de Obras Derivadas 2.5 Portugal.