Monday, December 30, 2013

Era uma vez uma aldeia: a dos vovós.





"Quando se viu sozinha no meio da rua teve vontade de voltar para trás. As árvores pareciam enormes e os seus ramos sem folhas enchiam o céu de desenhos iguais a pássaros fantásticos. E a rua parecia viva. Estava tudo deserto. Àquela hora não passava ninguém. Estava toda a gente na Missa do Galo. As casas, dentro dos seus jardins, tinham as portas e as janelas fechadas. Não se viam pessoas, só se viam coisas. Mas Joana tinha a impressão de que as coisas a olhavam e a ouviam como pessoas."
(...)

"No chão, os galhos secos estalavam sob os passos, a brisa murmurava entre as árvores e os grandes mantos bordados dos três reis do Oriente brilhavam entre as sombras verdes, roxas e azuis."

excertos do conto "Noite de Natal" (Sophia de Mello Breyner A.)

Sunday, December 22, 2013

Faça o favor de entrar, querida Empatia.


E... por estarmos numa altura de "festividades" natalícias e de (re)encontros entre os vários laços (família e não só, esperando que todos possam partilhar estes momentos com alguém), uma mensagem especial.
Época, quiçá, de maior reflexão, seja por ser propícia a isso, seja por ser tipicamente de balanço. De nós próprios com os outros. Do que nos rodeia, deste nosso mundo onde e a que todos pertencemos.
 

Um vídeo, absolutamente, delicioso e inteligentíssimo sobre isso que é, verdadeiramente, a Empatia. A compaixão, essa capacidade de entendermos o outro, de nos entendermos e sermos humanos.

Pelo pensamento inspirador da Brene Brown.

E... Esperamos que até já! ;)

Saturday, December 21, 2013

As transformações: começam sazonais, tornam-se vitais.


Apesar da prática de yoga ser, essencialmente, interna, eis alguns dos benefícios e efeitos a curto, longo e médio prazo no corpo e na saúde (além da mental), numa infografia do The Huffington Post





E, precisamente, porque, o corpo tende a recolher, contrair e prender no Inverno, é necessário não descurar uma prática regenerativa, evitando hibernar totalmente, sempre que a preguiça espreita e deseja invernar um bocadinho (uma coisa é o corpo pedir descanso e respeitarmo-nos, outra é ceder, constantemente, ao natural estado mais entorpecido para onde esta altura do ano, descaradamente, nos tenta levar... :) ). 

Daí haver todo um conjunto de opções de prática (e não só!), em função da estação e daquilo que o nosso corpo pede. "Pare, escute e olhe." Parar, escutar o corpo (vá, não vale dar ouvidos àqueles pedidos traiçoeiros que nos fazem tropeçar e fugir do foco!) e agir. Se ele pedir para parar, paramos. Se pedir para alongar, alongamos. Se pedir para ser gentil, somos. Se pedir para preguiçar, venha daí a preguiça. Mas não a preguicite! ;) Contrariar o entorpecimento, por vezes, também é preciso. Se o motivo que nos conduz a essa vontade de inacção é tão falacioso que quase nos engana...! Ou o contrário. Quando não sabemos nem queremos parar. E parar, em determinadas alturas, já é acção que chegue.

Numa perspectiva ayuvervédica, fica a partilha de um artigo que funciona como mini-guia para uma melhor adaptação de cada biótipo/dosha às respectivas estações do ano. Simples e eficaz.

E, coincidindo esta publicação com o solstício desta tão mística estação, o Inverno, torna-se difícil resistir em não recordar as belíssimas palavras de Eugénio de Andrade.

"Velho, velho, velho
Chegou o inverno.

Vem de sobretudo,
Vem de cachecol,

O chão onde passa
Parece um lençol.

Esqueceu as luvas
Perto do fogão:

Quando as procurou
Roubara-as um cão.

Com medo do frio
Encosta-se a nós:

Dai-lhe café quente
Senão perde a voz.

Velho, velho, velho
Chegou o inverno."

Friday, December 20, 2013

Tuesday, December 17, 2013

E eis que o corvo se transforma em cisne.


 Esta é daquelas posturas bem desafiantes... E parece tão simples. E pode ser. Quando entendemos a questão do equilíbrio. Confesso que é das que mais me custou/custa atingir a leveza, uma vez a tensão (natural) que costumava colocar no corpo nas primeiras vezes. Mas não só nas primeiras vezes.
 

Era e é daquelas posturas que me faz suspirar e passar por todas as fases: de deslumbramento quando julgava executá-la correctamente - até perceber a batotice que fazia quando abria demasiado as pernas e assentava os braços, erroneamente, nos joelhos (há ali um ponto especial onde joelhos e cotovelos se tocam, no KAKASANA... o que significa que quando o encontramos, "AHHH, era isto!"). Frustração quando percebi que, afinal, não era bem assim e, por último, aceitação quando entendi que o desafio era bem mais interno e profundo do que a execução "física" que a postura, naturalmente, implicava. Havia alturas em que roía o lábio sempre que o meu professor dedicava grande parte da aula a esta bela postura. Mas só depois de aceitar e ir "fazendo as pazes" comigo e, consequentemente, com os receios profundos e antigos (como qualquer postura que implique a cabeça estar "pendurada" me provoca), é que comecei a tentar ultrapassar o que sentia. Não significa isto que o desafio tenha terminado. Muito pelo contrário, estava só a começar e continua, sempre que a tento fazer. Por norma, preferimos mesmo fazer aquilo de que mais gostamos, mas nem sempre aquilo que mais precisamos.

   Bem, já depois de um ano e tal a tentar executá-la, só mesmo quando caí é que perdi parte do medo e da frustração que sentia. E um conselho (que poderão encontrar, também, no vídeo abaixo) é colocarem uma mantinha à frente quando a fazem. Pelo menos, pode amenizar eventuais medos e ajudar psicologicamente! ;)


   E falo do KAKASANA/BAKASANA. Há quem a conheça pelo sânscrito KAKASANA, outros por BAKASANA. Diria que são posturas da mesma "família", variações diferentes. Em português, o mais comum será "corvo", no anglo-saxónico poderá variar, "Crow-pose" ou "Crane-pose". A grande diferença está, essencialmente, no local onde os joelhos se colocam e a dificuldade e consequentes implicações, obviamente, para o restante corpo desta própria variação.


   O Bakasana/Kakasana é uma excelente postura de equilíbrio e concentração cujos benefícios são mais que muitos, como em qualquer outra postura de yoga. Ajuda a fortalecer toda a zona abdominal (órgãos e músculos), onde reside a força do centro e equilíbrio no seu estado “mais puro” (e este é um dos “segredos” para qualquer outra postura, estão sempre a dizer-nos!). Tonifica também braços e pulsos (não obstante de cada uma dever zelar pelos seus e perceber qual o seu limite aquando da execução da postura) e trabalha, ainda, a abertura pélvica/virilhas. Podendo considerar-se uma semi-invertida, ajuda a combater a letargia, sendo assim uma “lufada” de ar fresco (como em qualquer invertida!) contra estados menos energizados. :)


   Melhor que eu, só mesmo espreitando o tutorial da professora Sandra Carson - bastante completo, por sinal - onde também são sugeridos vários exercícios de "aquecimento" para executar a postura. Convém aquecer um bocadinho, trabalhar o centro, aquecer pulsos e a abertura pélvica.


Boas (e seguras, sempre!) práticas! ;)



Sunday, December 15, 2013

sobre o amor.


"Attention is the most basic form of love."

(John Tarrant Roshi)


Saturday, December 14, 2013

"a imaginação a imaginar"


E, porque, em alturas propícias como esta, com o Outono quase a dar lugar ao Inverno, em que o vento se instala e a chuva ofusca o frio antes soalheiro e a cabeça, essa, anda no ar mais do que nunca - e nem sempre a despertar o que de melhor e de mais profundo pode viver em nós - ao menos, que ande no bom sentido, o do imaginário vivo, e não apenas ausente de tudo o que nos esquecemos, frequentemente. Como o delicioso Pina tão bem sabia e escrevia, sempre com um pé no "real" e outro no imaginário...Porque sem esse belo bicharoco - que tanto gostamos de filtrar constante e imensamente e, até de esquecer, enquanto adultos - o imaginário, onde poderá residir a nossa essência mais genuína e bela, sem ele não somos nada. 

De facto, "as melhores coisas são mesmo de ar"... Que vivamos e sejamos sempre "com a imaginação a imaginar"!


A cabeça no ar

 "As coisas melhores são feitas no ar,
            andar nas nuvens, devanear,
            voar, sonhar, falar no ar,
            fazer castelos no ar
            e ir lá para dentro morar,
            ou então estar em qualquer sítio só a estar,
            a respiração a respirar,
            o coração a pulsar,
            o sangue a sangrar,
            a imaginação a imaginar,
            os olhos a olhar
                    (embora sem ver),
           e ficar muito quietinho a ser,

           os tecidos a tecer,
           os cabelos a crescer.
           E isso tudo a saber
           que isto tudo está a acontecer!
           As coisas melhores são de ar
           só é preciso abrir os olhos e olhar,
           basta respirar."  


(Manuel António Pina)


 E assim nascia "O crocodilo de Outono" do David (com os seus recentes 4 anos), numa das oficinas criativas para crianças, no espaço BOA:


"O Crocodilo do Outono"



Thursday, December 12, 2013

o medo q reina será rei.

E, porque em tempos de medos, "o medo vai ter tudo".



"O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias e o luxo blindado
de alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém o veja (...)"
 
(Alexandre O'Neill)



 Inspirada por um texto sobre a "Insatisfação Crónica" que paira em todo o lado por onde quer que se passe.

Tuesday, December 10, 2013

Salve, SOL!

Palavras para quê? :)

Sobre a "Saudação ao Sol" (surya namaskar) e os respectivos chakras activados aquando da sua prática.




Monday, December 9, 2013

Kicharee...! ;)

As especiarias: açafrão, cominhos, sal, coentros

Saltear os condimentos no óleo de sésamo e/ou ghee

Juntar ao feijão mung e arroz integral já cozinhados (previamente demolhados)

O KICHAREE já pronto a comer (neste caso, com couve branca cozida)





Cá está o KICHAREE, um prato indiano utilizado como desintoxicação e limpeza, sendo mesmo considerado "o alimento com maior poder de cura". Segundo o livro de Guilherme Juvenal e Diana Pinheiro, "Alquimia dos Sabores", a "tradição diz que contém todos os alimentos necessários para suster a vida".
Além do feijão mung ser uma leguminosa com elevado teor proteíco e bastante rico nutricionalmente, também "desintoxica o sangue, neutraliza a acidez e normaliza a pressão arterial, sendo também antipirético".

E, agora, as dicas para a receita (que demora cerca de 45mins).
Como já se pode ver pelas fotos, dos ingredientes abaixo indicados, o arroz integral e feijão mung devem ser demolhados entre 8-12 horas (cá por casa deixa-se durante a noite):

  • arroz integral                                                      1-2 copos
  • feijão mung                                                         1-2 copos
  • água                                                        2 xs a quantidade (aqui optou-se por mais)
  • óleo de sésamo ou ghee                                        1-2 colheres sopa
  • coentros, cominhos, açafrão/curcuma                   1 colher chá
  • sal                                                                        1 pitada  

Preparação:
  • Cozinhar primeiro o arroz e o feijão mung;
  • Colocar uma frigideira ao lume, onde se adiciona 1-2 colheres do oléo de sésamo e/ou ghee;
  • Acrescentar as especiarias, salteando-as ligeiramente;
  • Quando o arroz e feijão mung já estiverem cozinhados, adicionar o salteado e mexer bem.

Et voilà! O kicharee está pronto.

Bom proveito! :)

Friday, December 6, 2013

não se perdeu.


Porque somos a soma de tudo o que já não somos. 
Somos o que fomos, sendo aquilo que somos.


"Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu seu estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade."

(Sophia de Mello Breyner A.)

Thursday, December 5, 2013

"Zen na cozinha".



Mais uma descoberta deliciosa através da Irina Verwer, quando andava a passear pelo site dela.
Desta vez, um documentário sobre Edward Espe Brown, um mestre Zen e cozinheiro.

Porque cozinhar também é descobrir e "meditar".

Wednesday, December 4, 2013

Sobre os espinafres...essa "mão verde"!


Estes maravilhosos espinafres são da hortinha... E que delícia que eles são. De textura e sabor incomparáveis a quaisquer outros. 

E a propósito dos espinafres e da sua enorme sobre-valorização, não podia deixar de partilhar um artigo interessantíssimo acerca das propriedades dos mesmos e dos seus anti-nutrientes, como os nitratos. E, já que, normalmente, são associados apenas a benefícios, por vezes, nem tudo o que luz é (só) verde... ;) 

"Os nitratos são substâncias que podem ser transferidas para os legumes através do solo e/ou fertilizantes e são nocivos para o Homem, pois quando ingeridos, transformam-se em nitrosaminas, que são cancerígenas."

Monday, December 2, 2013

"Onde está o nosso pensamento, está a nossa energia"


 Já cheguei tarde à Alfândega do Porto, onde acontecia o "Salão NATURALES MEDICINAE 2013", a primeira mostra de Medicinas Tradicionais, Complementares e Alternativas, na invicta. Aliás, foi mesmo no sábado à tarde, último dia de palestras, quando consegui aparecer e assistir a duas delas, absolutamente fantásticas.

  Das melhores descobertas deste fim-de-semana: Dr. José Duarte, Docente da Escola de Medicina Oriental e Terapêutica, cuja palestra recaiu sobre a "Medicina Tradicional Chinesa na actualidade em Portugal" e a Dra. Gogo Bela MacQuillan, terapeuta e Médica Especialista em Medicina Preventiva, que nos presenteou com uma belíssima apresentação sobre “A alcalinidade como estilo de vida” (inicialmente previsto “Alcalinidade e o Cancro mas, por motivos de força maior, o orador não conseguiu comparecer e acabou por ser a dra.Gogo a introduzir à plateia a “dieta alcalina” enquanto forma de ser).


  Sobre a primeira, diria, até, que foi mais uma belíssima chamada de atenção para toda a forma como vivemos, intoxicados, nos tempos correntes. E de como a SAÚDE é um dos maiores negócios mundiais (o 2.º até, seguindo-se ao do petróleo e, imediatamente antes ao das armas). Não querendo incidir muito por aqui - cada um poderá retirar as suas próprias reflexões e conclusões - o Dr.José Duarte fez uma abordagem interessantíssima à urgência de todos (e da própria classe de terapeutas, essencialmente de acupunctura e outras terapias integradas na MTC) quererem e conhecerem outras opções e poderem aceder ao conhecimento profundo Vs. o menosprezo e standardização generalista que, infelizmente, ainda hoje é feito por todos, inclusive pela própria classe médica (alopática). Assim por alto, além da breve abordagem sobre como Portugal acedeu, há séculos atrás a um conhecimento milenar, aquando das suas viagens e descobrimentos, e nunca o soube aproveitar, convenientemente, e de como o Ocidente em geral foi perito em tentar “manipular” determinados conhecimentos. Seja na Medicina Tradicional Chinesa, seja na Ayurveda, na Índia, pelo colonialismo inglês.


Enfim, todo um acesso a outro tipo de conhecimento, milenar, que continua encerrado e vedado à maioria. Curioso como a acupunctura até suscitou imensa curiosidade aos médicos que acompanhavam os navegadores portugueses, ainda que a investigação dos Jesuítas ficasse na Torre do Tombo, onde permanece...(?) Como diria o prof.José Duarte, não se deve brincar (e brincou!) com tanta manipulação de interesses e consequentes lobbys. 

 Se o planeta é um campo electromagnético, será assim tão difícil de compreender e aceitar (à alopatia), que o ser humano também o seja? Se ao captar-se um campo electromagnético (o que as agulhas chinesas de acupunctura fazem, feitas de aço e cobre - excelentes condutores), será assim tão estranho e absurdo que haja, assim, electricidade (logo, energia - quem quiser investigar e aprofundar pela Bioenergética e a diferença de potencial eléctricos entre o "aparelho" e o corpo) e seja isso que as medicinas (ainda chamadas de complementares e não apenas de “alternativas”, como disse o próprio terapeuta) sugiram? Como é que, há cerca de 3000 anos, os chineses tenham criado uma espécie de “antena para nos ligar ao Cosmos”? Talvez a força que a física e mecânica quântica imprimiram à ciência, "recentemente" (Séc.XX), tenham sido um fantástico contributo e validação “científica” tão necessários ao cepticismo corrente e ajudado, assim, a uma maior abertura daquilo que já é conhecimento antigo. 

  E porque, desta forma, a acção energética começa (no Ocidente) a ganhar novos contornos, o prof.José Duarte foi mesmo mais longe, terminando a sua palestra com a crença de que haverá - porque o paradigma está a mudar e todos nós somos cada vez mais exigentes (?) - medicina energética e medicina materialista e, claro, sempre numa lógica integrativas. E nunca e oposição nem de recusa, contrariamente ao que é feito pela própria alopatia.


  Parafraseando o Dr.José Duarte, “Quem tem direito à verdade, tem direito à escolha. Aí sim, há opções.



 "A alcalinidade como estilo de vida

 
  E, porque já me alonguei q.b. sobre a questão acima referida, quando previa apenas fazer um breve comentário sobre a palestra da Gogo Bela MacQuillan, até porque o vídeo abaixo (para quem se atrever a que a curiosidade possa despertar) já é esclarecedor q.b.; deixo apenas duas breves citações sobre a questão da alcalinidade como estilo de vida. Sobre a forma como vivemos, actualmente. Intoxicados. E, aparentemente, conformados com isso. 

 Uma delas pelo Nobel Albert Szent-Györgyi e a outra que se segue, em tom provocatório para reflexão:

“The body is alkaline by design, but acidic by function.”

“Apenas existe uma única doença física, a sobre acidificação do corpo, causado principalmente por um estilo de vida e alimentação anti-natural.”
  (Dr.Robert Young)


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