E, porque, em alturas propícias como esta, com o Outono quase a dar lugar ao Inverno, em que o vento se instala e a chuva ofusca o frio antes soalheiro e a cabeça, essa, anda no ar mais do que nunca - e nem sempre a despertar o que de melhor e de mais profundo pode viver em nós - ao menos, que ande no bom sentido, o do imaginário vivo, e não apenas ausente de tudo o que nos esquecemos, frequentemente. Como o delicioso Pina tão bem sabia e escrevia, sempre com um pé no "real" e outro no imaginário...Porque sem esse belo bicharoco - que tanto gostamos de filtrar constante e imensamente e, até de esquecer, enquanto adultos - o imaginário, onde poderá residir a nossa essência mais genuína e bela, sem ele não somos nada.
De facto, "as melhores coisas são mesmo de ar"... Que vivamos e sejamos sempre "com a imaginação a imaginar"!
A cabeça no ar
"As coisas melhores são feitas no ar,
andar nas nuvens, devanear,
voar, sonhar, falar no ar,
fazer castelos no ar
e ir lá para dentro morar,
ou então estar em qualquer sítio só a estar,
a respiração a respirar,
o coração a pulsar,
o sangue a sangrar,
a imaginação a imaginar,
os olhos a olhar
(embora sem ver),
e ficar muito quietinho a ser,
os tecidos a tecer,
os cabelos a crescer.
E isso tudo a saber
que isto tudo está a acontecer!
As coisas melhores são de ar
só é preciso abrir os olhos e olhar,
basta respirar."
(Manuel António Pina)
E assim nascia "O crocodilo de Outono" do David (com os seus recentes 4 anos), numa das oficinas criativas para crianças, no espaço BOA:
"O Crocodilo do Outono" |
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