Tuesday, November 27, 2007

"Comunicação"


Fez ontem um ano que o brilhante Cesariny nos deixou.

E deixou-nos uma valiosa arca de palavras ritmadas em danças poéticas, que só ele sabia coreografar.

Até sempre, Cesariny. *


Nesta ilusão iludi-me.

A hora da vida já

Soltou uma gargalhada

E saiu pela janela.


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O automóvel verde

Vestido de lilás.


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Fiz da vida ida.

Fiz da morte volta

Gága, gága, gága.

Fiz de pedra tudo.


(Alexandre O'Neill, António Maria Lisboa, Mário Cesariny, Mário de Sá Carneiro, Pedro Oom)

Monday, November 26, 2007

Eu e o meu sofá.






Eu e o meu sofá mantemos o incesto
desfeito em esperanças vãs e cruéis. Eu e o meu sofá guardamos a memória bem perto do chão, para nos lembrarmos que só se rasteja no chão. Eu e o meu sofá soltamos a surdez acumulada em longos ou curtos interregnos desta correria. Eu e o meu sofá já não acreditamos.







Infelizmente este não é o meu sofá. Foto de Ye Rin Mok.

Sunday, November 18, 2007

São 5 cêntimos por fotocópia.

O meu primeiro filme de luvas.


"A Outra Margem", o meu primeiro filme de luvas.
Personagem bem definida e trabalhada por Filipe Duarte.

Maria D'Aires (não) surpreende pelo seu brilhante desempenho já nos exigir que exijamos dela o empenho e profissionalismo a que nos acostumou. E nos presenteou, novamente.

Tomás Almeida, vivacidade plena.
Destaco a banda sonora que me acolheu, tão gentilmente, num final de dia deste Novembro de vento gélido.

Um filme doce neste frio nada precoce.

Monday, November 12, 2007

L'Homme aux bras ballants.


Com música de Yann Tiersen, sabe sempre bem recordar. Fabulosa.




O meu apartamento.


O meu apartamento não está voltado para o mar.

O meu apartamento tem uma vista verde. Verde alface deslavada. Alface que queimou ao sol mas ainda não está amarelada.
O meu apartamento vê um conjunto de azulejos, que estão espalhados de forma a que qualquer vizinho de uma instituição mental, vulgo sanatório, se sinta confortável ao ver.
O meu apartamento percorre uma quantidade absurda de monóxido de carbono da maneira mais iludida possível que o falso valor de uso consegue preencher.
O meu apartamento está numa rua com dois vultos nocturnos e não noctívagos, no mais comum sentido da palavra.
O meu apartamento está sobre as casas estranhas e torna-se actor da curiosidade voyeurista de quem sobe a persiana do outro lado da rua.
O meu apartamento contempla a solidão de todos os que habitam os hábitos da rotina.

Saturday, November 10, 2007

fully (dis)connected.

Sento-me enquanto escuto.
Está escuro e a luz é lânguida.
Desconexa de si mesma.


Se um dia pudesse explicar a longitude das minhas acções, talvez se pudesse depreender a curta longevidade que elas podem assumir.
Uma pausa no caminho nem sempre é aceite, há que correr e correr. Correr, correr, correr.
Perceber, fingir entender, acumular conceitos sem sequer os compreender. Correr, só correr.
Há pausas paradas em que se pára mesmo. Em que se senta a inquietude, passeia-se a densidade mental até ela ebolir ao ponto de se desfazer da própria condensação inquietante.
Tanta condensação de conceitos e preconceitos faz mal. É preciso desfazermo-nos deles para obter alguma consolidação do sentimento.


Desfazer, correr.
Correr e desfazermo-nos.

"Push down...gently...but firmly...until the body is fully connected..." [sabe sempre bem recordar] ...


Micro Audio Waves - fully connected

Thursday, November 8, 2007

Um Parabéns Privado...a ELAS!

Parabéns, meninas.
Pelo que se construiu e o que ainda falta. *

"(...) Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto."

F.Pessoa in " Impressões do Crepúsculo I "

Wednesday, November 7, 2007

Will you marry me, Erlend Oye?

O norueguês Erlend Oye regressa com um novo projecto: The Whitest Boy Alive.
"Dreams" foi-se tornando banda sonora de mim.
E quem não conhece já todas estas ilusões ópticas?:)



The Whitest Boy Alive - golden cage

Sunday, November 4, 2007

"Cultura teutónica", Ricardo.

"Até se denota um certo minimalismo brechtiano." R.
Eu diria antes, uma autêntica PÉROLA do arquivo do electro.


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