Tuesday, January 24, 2017

a de Amigos.

carta a uma amiga,
 
às vezes fico chateada com os meus amigos.
às vezes fico triste com eles.
amuo, faço birras.
só porque gosto deles
e o tempo, esse, é malandro e os amigos tentam enganá-lo,
mas ele, matreiro, mais que todos os amigos juntos,
ele não vai em cantigas.
na cantiga do amigo o tempo até estica e vai como que não vai,
deixa-se seduzir e corre, voa, pulula e saltita.
mas o tempo, qual abstracção mais falaciosa de todos os tempos,
o tempo passa na mesma.
com amigos passa mais rápido, como que suspiro suspenso que gostaríamos de agarrar,
de trazer para nós, segurar e, depois,
embalar e deixar ir.
como todas as coisas boas. 
precisam de tempo e de serem livres.
os amigos, aqueles mesmo amigos, são aqueles que nos fazem sentir livres,
sem obrigações de estar, de ser, de parecer,
sem obrigações de parecer ser. 
sem obrigações de tempo ter.
só com o tempo que for verdadeiro,
aquele tempo que traz o "A" de Amor, Abertura e Amizade.
aquele tempo que traz o A grande e maiúsculado (e musculado!)
de acção, de AMAR.
porque os amigos amam-se. os que estão perto e os que estão longe.
os que estão por perto, os que estão à frente, atrás, aqui e acolá.
os que olham para nós de cima abaixo, à procura de cada pormenor que nos possa denunciar,
os que olham para nós de lado, à espera da confissão que teima em chegar,
os que olham para nós de baixo para cima, com a admiração crescente da criança q nunca deixaram de ser,
mas nunca de soslaio.
os amigos não olham de soslaio,
não perguntam quando sabem que a retórica impera,
não questionam quando sabem que o momento fugiu,
não se impõem quando sentem que precisamos de nos enganar mais um bocadinho.
os amigos são o que conseguem ser.
e nada mais do que apenas isso.
os amigos são Amigos.

Thursday, January 12, 2017

teimas.

mais que o importante é o caminho até lá.
o caminho para o importante.
os meios termos são como os cinzas, os cinzas são o meio termo do degradé que teima em sê-lo.
e as teimas são como os extremos das paletes de cor. ou o excesso ou a ausência.
não há meios termos nas teimas.
são teimas e ponto.
teimas assim, assado, mas nunca teimas do meio, dos meios termos.
as teimas são pólos, ou tudo ou nada. ou nada ou tudo.
e é no meio do tudo e do nada que a Vida teima - e ainda bem - em Acontecer.
e a Vida, essa, não tem tempo para teimas.


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