Sempre.
Ainda que passado tempo e tempos, possa ficar mais morno e
aconchegante, como uma "manta no sofá".
Ainda que o conforto traga a calma e a certeza próxima do
companheirismo, da cumplicidade de quem já vive por cá. No nosso coração.
Na impermanência de tudo, de cada instante, de cada momento
respirado, o conforto é rei, mas as cócegas querem-se sempre. O burburinho de
quem suspira quando vê o outro chegar. Quando o vê entrar depois de se
ausentar, ainda que diariamente, na rotina da vida a dois, da vida de cada um.
O Amor quer-se tesudo, sempre. Quer-se romântico e
confortável. Quer-se existente, permanente, mesmo na ausência.
O Amor quer-se quente e fogoso, mesmo depois de anos, de
meses, de dias. De horas. Querem-se horas que queimem bem, cuja digestão seja
saborosa e cujo metabolismo esteja equilibrado, ainda que umas vezes melhor,
outras mais lento.
O Amor quer-se aqui e agora, por mais anos que passem, por
mais horas que sussurrem no coração de quem por cá anda.
O Amor quer-se permanente na certeza na impermanência. Na
certeza da incerteza, na certeza de que não se sabe se amanhã continuamos
juntos.
O Amor quer-se vivo e com brisas que arrefeçam a monotonia
dos dias, dos acordares rápidos, lentos, esquecidos ou apressados.
O Amor quer-se capaz. Capaz de amar ainda mais, de sorrir e
cambalear de paixão e emoção a cada história que passa, a cada capítulo
construído. A cada página em branco que se vai preenchendo. Inebriante e
sussurrante. De encantar, por encantar, em constante deleite.
O Amor quer-se contínuo e crescente, como que livro por
acabar, cujas sequelas parecem infindáveis, cujos capítulos parecem preceder a
algo sempre por preencher.
Por mais aconchegante que o tempo reconforte o Amor, este
quer-se em lume brando, mesmo quando queima e dilacera bons momentos,
inimagináveis. Mas que não se apague nem se mantenha em banho maria, mesmo
quando brando. Que aqueça sempre. E que restaure.
O Amor quer-se sempre. E em tudo. Permamente na
impermanência.
Mora
Fev. 2015